No entanto, não é fácil, como já disse Mário de Andrade, libertar-nos das teorias-avós que nos criaram

Luiz Puntel | ACidadeON/Ribeirao

14/6/2020 06:45

Há uma música do Ivan Lins que se encaixa muito bem neste momento de pandemia, de reclusão, de termos que repensar meios e modos de se fazer o que fazíamos igualzinho há séculos. Ele afirma, em "Começar de novo", que vai valer a pena ter amanhecido, ter virado o barco, ter sobrevivido. 

No entanto, não é fácil, como já disse Mário de Andrade, libertar-nos das teorias-avós que nos criaram. E o que Mário e Lins confessam, de formas diferentes, é a dificuldade que temos de quebrar paradigmas, de nos refazer, de nos reinventar. 

Neste momento, em que o mundo parou, temos que respirar fundo, soltar as amarras do cais da zona de conforto e começar a remar, a navegar em direção ao desconhecido. Não é fácil abrir os olhos, cegos que somos para o novo, e lançar os olhos para pontos de vista que nem sabemos direito se são pontos ou traços, ou pingos de vista. Vista? Não vejo, não enxergo nada à frente, gritamos, desesperados! 

Se em vários setores a mudança necessária é complexa, no universo educacional não é diferente. Sim, em termos educacionais, é muito, mas muito difícil essa reinvenção, o pegarmos o lápis, ou a caneta, seja ela azul, vermelha ou preta para anularmos, rasurarmos ou apagarmos o "S" da palavra "CRISE". As aulas, agora, são online, e os  professores não estavam preparados, e os alunos não estavam preparados, e os pais não estavam preparados para a mudança. E há alunos que, nem se estivessem dispostos, conseguiriam se adaptar, pois não têm um note, ou um lap, ou um tablet, ou ainda um smart, quanto mais um phone! 

E os pais que podem oferecer acessibilidade educacional condizente aos filhos reclamam que não são obrigados a voltarem à escola para ajudarem os filhotes nas tarefas escolares. Por seu lado, alunos reclamam tipo assim que os professores tipo meio que entopem os grupos de whats de matérias e eles ficam tipo assim sufocados, cara! 

Essa readaptação dói, arranha, machuca, sem dúvida. Mas, como diz o ditado, dá para fazer omelete sem quebrar ovos, simpatia? Nananinanão!

Então, vamos que vamos encarar o "novo normal" ou vamos ficarchorando o leite derramado?

-------------------------- 

Puntel, levantando o dedinho para perguntar: "Professor, se as aulas podem ser online, por que os reitores das universidades não podem ser eleitos via consulta virtual?"

Fonte: ACidadeOn